(Voragem – título da edição brasileira da Companhia das Letras)
Junichiro Tanizaki
Tanizaki nasceu em 24 de julho de 1886 em Tóquio, em 1968 recebeu o prêmio Nobel de literatura.
O primeiro livro que li deste autor foi Le Pied de Fumiko (O pé de Fumiko) que, parece, não foi traduzido para o português. Descobri o livro e o autor por mim mesma, passeando numa livraria de Bruxelas. Coisa rara e, de certo modo, prova de ignorância, descobrir um autor desta importância por si, tão tarde, depois de ter passado por um curso de Letras. Mas este é o fato, eu nunca tinha ouvido falar no nome de Tanizaki até aquele dia e foi com ele que começou o meu ‘ardor’ pelos autores japoneses. Acho que nenhum deles cairá nas minhas mãos por acaso, como Tanizaki. Ele ainda continua sendo um dos meus preferidos, li dele tudo o que pude encontrar até agora. Depois vieram muitos outros, li, sobretudo, Mishima e Kawabata.
Os temas mais constantes na obra de Tanizaki são a dominação sexual, o Japão, as mulheres, a arte. Esse Voragem não foge à regra. Sonoko, uma mulher casada, apaixona-se por Mitsuko, uma linda colega do curso de pintura. O romance trata desta forte atração e do emaranhado de mentiras criados por todos os envolvidos com Mitsuko, ou seja, Sonoko, o amante de Mitsuko e, mais tarde, o próprio marido de Sonoko. Até mesmo o leitor se vê preso nestas armadilhas, sem perceber em determinadas situações se Mitsuko é vítima ou manipuladora.
O título do livro em francês é Svastika (suástica), se não me engano, este é o título original. A suástica, claro, no seu sentido original, antes de ser corrompida pelos nazistas, simboliza, entre os brâmanes e budistas, a felicidade, a salvação. Segundo o editor francês, aqui nesta obra de Tanizaki, a suástica (ou cruz gamada) representa “os quatro protagonistas (Sonoko, Mitsuko, Watanuki e Mister Husband) da história que, puxam, cada um a seu turno, os cordões desta trama amorosa e diabólica.
O livro foi livremente adaptado para o cinema com o título de The Berlin Affair (1985).
Leila Silva
1 comment:
A verdade é que de Tanizaki apenas li "Confissão Impúdica", onde os temas abordados continuam a ser, como disse Leila Silva a dominaçao sexual e o tempo como liquidaçao dessa dominaçao (velhice), as mulheres e o confronto do Japão tradicional com um Japão mais ocidentatizado. O livro é escrito em forma de diario. Por um lado, o diario do marido e por outro o da esposa, sabendo cada um a existência do outro. Mais nao digo para manter o apetite aguçado.
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