Mais do que uma crónica da vida urbana no Japão contemporâneo, esse livrinho guarda a chave para compreendermos um fato muitas vezes esquecido: que, apesar das diferenças, somos todos, essencialmente, seres humanos. Não é pouco.
Quando os meios de comunicação e a Internet nos bombardeiam com toneladas de informações superficiais ou inúteis - em que podemos vislumbrar, quase sempre, generalizações injustas e perigosas -, as diferenças culturais passam mais a afastar do que aproximar as pessoas, transformando o outro, o estranho, no rival, no inimigo.
Como vive uma menina de sete anos no Japão? Nesse lugar tão longínquo - não apenas em termos geográficos -, o que há de diferente e de semelhante em relação a nós?
Para responder a essa pergunta, Etsuko Watanabe apresenta-nos o Japão e seu povo: os utensílios do quotidiano, os objetos escolares, a vida em família. E como a mesa é posta, quais as vestimentas do dia-a-dia, algumas brincadeiras - as minúcias, enfim, que constroem uma civilização. Conhecemos também as palavras, com seus sons inesperados, às vezes surpreendentes, donas de uma eufonia para a qual precisamos de reeducar nossos ouvidos.
A beleza do estranho assalta-nos em inúmeros trechos da obra. A autora, formada pela Musashino Art University e com mais de sete livros infantis publicados, não despreza sequer os aspectos da intimidade. A importância da hora do banho, os vasos sanitários - curiosos e eficazes - e os banhos públicos - uma característica dessa cultura que não submeteu a nudez humana ao arbítrio da absoluta privacidade: todo o engenho do conforto e da higiene de uma civilização está resumido nesse livrinho.
Rodrigo Gurgel
*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
1 comment:
Good for people to know.
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