Osamu Dazai, (太宰 治), Soleil couchant- Crépuscule de l’aristocratie. Gallimard. Taduzido do Japonês por Hélène de Sarbois et G. Renondeau.
Da página de apresentação desta edição:
Né en 1909 dans une riche et puissante famille du Japon, Osamu Dazai a mené jusqu'à sa mort une vie folie et désespérée. Morphino-mane, tuberculeux€ et alcoolique, il tenta plusieurs fois de se suicider. Auteur d'une excellente nouvelle, La femme de Villon, parue en 1947, puis de ses deux romans principaux, Soleil couchant et Le disqualifié, il avait commencé un autre roman à épisodes sous le titre anglais de Good Bye. En 1948, il réussit enfin à se tuer en se jetant dans les eaux débordantes du barrage Tamagawa, à Tokyo. Par une sorte d'ironie, son cadavre fut découvert le jour de son trente-neuvième anniversaire, le 19 juin.
Acrescenta-se:
Quer na tentativa de suicídio de 1930 quer no suicídio de 1948, fez um pacto suicida com a amante da altura. Em 1930 Dazai sobreviveu à gueixa com quem se queria casar com oposição forte da família. Ela afogou-se conforme planeado.
Homem revoltado, politica e existencialmente, toda a sua vida foi um atrito constante com a sociedade e a família de Kanagi, num canto remoto do Norte do Japão, de cuja riqueza tinha vergonha. Impôs para si próprio regras de pobreza militante como modo de renegar o passado aristocrático. No pós-guerra aderiu ao Partido Comunista que depois abandonou na aceitação da democracia parlamentar.
Sol Poente, conforme o subtítulo indica, descreve o crepúsculo duma família aristocrática. A linguagem é tensa. Os diálogos são curtos e os personagens dotados de um “embriagamento” trágico, que ultrapassa muito o romance social. No livro vê-se mais Dazai, a sua vida, a sua revolta, que a sociedade do tempo. A ideia que Dazai é um produto dos problemas de identidade japonesa do pós-guerra parece-me abusiva. Talvez haja uma instância em que os problemas de identidade de Dazai se cruzem com os da sociedade. Mas trata-se de uma questão de trajectórias. Dazai é a expressão do homem revoltado, independentemente dos tipos de sociedade, e alguma aproximação ao Estrangeiro de Camus pode ser estabelecida.
Curiosamente Dazai foi muito popular no Japão do pós-guerra. Hoje é considerado um clássico, lido nas escolas. A palavra Shayo (sol poente) deu origem à palavra Shayozoku que passou a significar “aristocracia empobrecida” e com direito a constar nos dicionários.
Este homem associal, que pouco prezava as tradições da sua terra natal, e com um conflito insanável com as suas origens, está bem representado, com um monumento em sua honra em Kanagi, que parece viver contraditoriamente muito bem com a sua memória. A grande casa da família a que foi dado o nome de Shayokan (!) é um museu e uma atracção importante da terra. Todos os anos, o dia da sua morte é comemorado (com um serviço religioso?). Aí está em todo o seu esplendor o espírito pragmático e utilitarista dos japoneses.
Alberto Costa
2 comments:
Só para lembrar que, apesar de difícil de encontrar, essa obra foi traduzida para o português. Saudações!
Finalmente um artigo sobre Osamu Dazai.
Excelente escolha.
Ora aí está um autor — manifestamente um dos mais importantes do Século XX Nipónico — que permanece, até hoje, inexplicavelmente ignorado entre nós.
Já não é sem tempo de o conhecermos.
Obrigado pela proposta.
L.F. Afonso, Hakata, Kyushu, Japão
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